“Antes de te engajares num combate definitivo, é preciso que o tenhas previsto, e te preparado com muita antecipação. Nunca conte com o acaso.”1
Cada ano que passa é uma jornada em nossas vidas. E cada jornada é um período de combate. Ás vezes pacífico, outras vezes nem tanto. Mas um combate. Não um combate necessariamente como aqueles que assistimos nos noticiários. Refiro-me aos combates pessoais, aos combates internos. E como tal, devemos planejá-lo antecipadamente, ter domínios (intelectual, cultural e material) mínimos para garantir a possibilidade da vitória e estar aberto às mudanças que ocorrem no decorrer dos próprios acontecimentos e àquelas que precisamos fazer devido às circunstâncias.
Dessa forma, podemos ampliar nossas possibilidades de sucesso seja qual for a empreitada que resolvamos iniciar. Ou mesmo continuar a partir de um certo ponto. Não podemos atribuir ao acaso às mudanças que poderão nos levar ao sucesso ou ao fracasso. É ingênuo pensar assim. A “sorte” é tão somente a convergência do conhecimento, do planejamento e da preparação com a oportunidade. E, ao contrário do que se pensa, algumas vezes podemos, sim, influenciar no curso dos acontecimentos para que essa ou aquela oportunidade apareça de forma mais breve ou com mais delonga.
Porém, desnecessário seria todo o período de planejamento anterior ao combate se nós, em nosso interior, não promovermos as mudanças necessárias (e suficientes) para assumirmos com clareza, serenidade e sabedoria tal posto. Tais “mudanças” fundamentais encontram-se no nível do que Sun Tzu2 chama de controle dos fatores. Estes fatores estão diretamente ligados à possibilidade de êxito na empreitada escolhida. São os fatores moral, mental, físico e de mudança de circunstâncias, sem os quais qualquer planejamento, por melhor que seja, acaba sucumbindo às forças inimigas.
“Somente as circunstâncias devem ditar a conduta. (…)Cada dia, cada ocasião, cada circunstância requer uma aplicação particular dos mesmos princípios. Os princípios são bons em si mesmos; sua aplicação os torna amiúde nefastos.”3
Uma vez dentro do combate, devemos nos guiar pela diretriz traçada e o que a partir daí ocorrer. É claro que imprevistos – dos mais variados gêneros e intensidades – deverão surgir. Mas estes não deverão servir de obstáculo para o avanço e crescimento empregados nos esforços da conquista uma vez que o foco no objetivo está travado. Ninguém se detém por nada. A menos que queira.
Entretanto, não devemos iniciar um combate sem a devida perspectiva do seu término. A necessidade de se combater sempre será questionada, mas sua suficiência, não. O combate por si só já carrega o estigma do imperativo, do que é ultimato, se traduz por si só. E o seu fim não poderia ser diferente do seu começo. A estratégia geral deve planejar seu início e prever seu término ao fim dos acontecimentos e imprevistos. Difícil? Não. Apenas uma questão de referência. Mas isso só acontece quando nos permitimos mudar. Um ciclo só se inicia ao término do anterior.
Nota: as referências 1, 2 e 3 são fragmentos extraídos do livro “A arte da Guerra” de Sun Tzu.
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E chegamos ao final de mais um ciclo. O ano de 2007 está por terminar e, como tal, deve ser encarado como um balancete preciso, ainda que sem o devido equilíbrio no fechamento. As férias, como são encaradas pela maioria de nós, sobretudo pelos mais novos, é o período em que muitos ficam felizes, muitos praticam o ócio, outros tantos praticam o pragmatismo exacerbado para o próximo ano e um outro bocado faz tudo isso junto.
O fato é que hoje vejo esse período não somente como o merecido descanso após uma longa jornada de trabalho mas como o período para pensarmos – de fato – em duas linhas gerais de acontecimentos: aqueles úteis e relevantes que conseguimos realizar e aqueles que não. E, para a primeira linha, se conseguimos transformar positivamente a realidade coletiva e a nossa, claro.
As mudanças ocorrem sempre, mesmo sem a nossa intervenção. Às vezes demoram, outras vezes não. O fato é que nesse período de férias, devemos pensar no que queremos, no que não queremos, no que fizemos de bom, no que poderíamos ter feito melhor, e planejar para a próxima jornada – sem exageros – com simplicidade, humildade, inteligência e astúcia os acontecimentos que desejamos. Contudo, sem esperar que tudo isso caia dos céus. Afinal, ninguém se detém por nada. A menos que queira realmente.
Desejo a todos um natal de amor, paz e solidariedade. E que em 2008 tenhamos um pouco mais de sabedoria, paciência e coragem para enfrentarmos todas – e quaisquer – mudanças. E possamos então, combatermos o “Bom Combate”.
Um forte abraço pra todos que passaram por aqui até agora.
Mesmo que sem querer… 🙂